Anda a ser feita uma sondagem , ou estudo de mercado, com putativos candidatos à C.M.E.
É uma estreia, pelo que me recordo, na vida política concelhia e que em vez de me fazer festejar, por um possível salto qualitativo na organização política esposendense, faz-me refletir e não sabendo quem a encomendou, não farei exercícios de adivinhação nem levantamento de suspeitas infundadas, mas tendo sido um dos inquiridos e só me terem dado como opções maioritariamente com uma panóplia de candidatos da nossa Direita concelhia, leva-me claramente a um conjunto de deduções e de opiniões avalizadas sobre a utilidade de uma sondagem quando não se dignificam outros momentos da vida política.
Comecemos então.
Com um PSD que prima pela contínua ausência nos debates autárquicos que se vão realizando, demonstrando uma falta de espírito democrático, um contributo para o empobrecimento do debate político ao longo dos anos, roçando muitas vezes uma desconsideração pela oposição política, refugiando-se muitas vezes no argumento que parte da oposição apenas insulta e não quer discutir os projetos políticos, se pensarmos que é isso que ocorre nas Assembleias Municipais não faz grande sentido, ou no argumento que a percentagem de votos é tão dispare que o debate não faz sentido do ponto de vista de alteração dos resultados finais.
Na minha visão, parecem desculpas que tentam escamotear o medo de sujeição ao contraditório , ao debate em campo aberto das ideias e dos projeto e com a possibilidade de refutar em direto e instantâneo sem os constrangimentos e tramites dos debates da Assembleia Municipal, ou seja, no final de contas é uma fuga à incerteza da vitória a fuga aos debates.
Mas existe um momento, quase poético, em que os simpatizantes do PSD descobrem os debates: quando passam à oposição.
Tal como descobrem os debates, usualmente descobrem também que o facto da Câmara Municipal, e as empresas públicas, serem um dos principais empregadores do concelho pode ser um fator de influência no sentido de voto dos funcionário, família e amigos.
É quase comovente assistir a este renascimento de consciência de alguns.
Então, esta sondagem, seja qual for a origem e o propósito, é o mesmo que a fuga aos debates pela Direita: é uma fuga à incerteza de vitória!
E quem têm medo de estar na rua, enfrentar as incertezas, perseguir a vitória, esgrimir os seus argumentos sem saber se são validados ou não à partida não serve para o cargo.
Fica então à consciência de cada um, e à do povo esposendense, a análise desta vontade e a este espírito e de luta democrática, da vontade de estar na rua, de falar com as pessoas sem medo de em Setembro perder as eleições.
Pessoalmente, já ficaria satisfeito com uma transmissão de uma Assembleia Municipal e Reunião de Câmara.