Com o início do novo ano letivo, os agrupamentos de escolas de Esposende já começaram a debater as recomendações do Governo Português sobre a proibição de telemóveis no primeiro e segundo ciclo, assim como restrições no 3º.
A medida, anunciada pelo Ministério da Educação, visa promover um ambiente mais focado na aprendizagem e evitar distrações durante o horário escolar.
Os diretores dos agrupamentos de escolas de Esposende, Paula Cepa e Manuel Meira, estiveram à conversa com o E24 e partilharam a visão sobre o impacto desta política e o estado atual das suas instituições.
Agrupamento de Escolas Rodrigues Sampaio: “Vamos reunir e tomar uma decisão”
Paula Cepa, diretora do Agrupamento de Escolas António Rodrigues Sampaio, afirma que o ano letivo começou de forma regular, apesar dos desafios iniciais. “Tenho professores, tenho funcionários, e, embora haja alguns professores de baixa, já foram substituídos”, explica.
Quanto ao número de alunos, o agrupamento registou um aumento significativo.
“Este ano, temos mais 50 alunos, totalizando 1450 estudantes”, destaca Paula Cepa, que ainda não teve oportunidade de reunir com as entidades competentes sobre a recomendação governamental relativa aos telemóveis, uma vez que se encontra em mobilidade na Suécia.
“Ainda não tive tempo de reunir, mas vamos encetar as diligências necessárias em breve”, acrescenta.
A diretora menciona que, no ano passado, a questão dos telemóveis já tinha sido abordada no regulamento interno da escola, apesar da falta de apoio formal.
“Agora, com as recomendações do Governo, vamos reunir com os órgãos competentes para discutir o assunto e avaliar a sensibilidade de cada um”, afirma.
Agrupamento de Escolas António Correia de Oliveira: “Vamos formar pais no que respeita a app´s para controlo parental”
Manuel Meira, diretor do Agrupamento de Escolas António Correia de Oliveira, enfrenta desafios semelhantes, com um número crescente de alunos.
“Este ano, temos 2097 alunos distribuídos por 107 turmas. Estamos a aumentar cerca de três turmas por ano, mas este ano crescemos em quatro”, revela.
O diretor destaca o aumento das necessidades educativas especiais, sublinhando a dificuldade em acomodar mais alunos em algumas escolas do agrupamento, como Fão, Barral, Palmeira e Gandra.
“Temos pressionado os limites da capacidade, especialmente em algumas das nossas escolas. A nível de professores e não docentes, temos conseguido encontrar soluções, mas é uma situação que causa dores de cabeça, especialmente na contratação de pessoal não docente”, frisa
Em relação à questão dos telemóveis, Manuel Meira revela que o agrupamento já tinha feito um inquérito aos encarregados de educação no ano passado.
“Realizámos um relatório e análise sobre o assunto, mas a proibição total dos telemóveis nas escolas não foi implementada. Em vez disso, vamos oferecer uma formação para os pais, ensinando-os a configurar os telemóveis dos filhos para um uso mais controlado, limitando o tempo de ecrã e o acesso a certos conteúdos”, destaca Manuel Meira.
O diretor deste agrupamento de escola admite que a implementação de uma proibição não pode partir de uma recomendação do Governo, mas sim por decreto.
O futuro da proibição de telemóveis
Embora ambos os diretores reconheçam o impacto que os telemóveis têm no ambiente escolar, concordam que a implementação de uma proibição total exigiria uma ação mais centralizada por parte do Governo.
“Se o Ministério decretar a proibição, os pais já estarão preparados e haverá uma maior uniformidade nas escolas”, afirma Manuel Meira.
Por agora, os agrupamentos continuarão a seguir as recomendações do Governo, ajustando as suas políticas internas e esperando que as medidas ajudem a criar um ambiente mais focado na aprendizagem.
“A situação atual não deverá trazer grandes mudanças, mas é um processo em curso”, conclui Paula Cepa.