Os números foram hoje avançados por Bruno Correia, filho da fundadora e um dos atuais responsáveis da Etfor, durante uma visita guiada à fábrica, em que foi realçada a aposta numa cadeia de valor sustentável, eficiente no uso de energia e recursos, reduzindo o desperdício e a pegada ambiental.
“Exportamos sobretudo para a Europa, com Espanha, Itália, Alemanha, Bélgica e Holanda à cabeça”, referiu Bruno Correia.
Os Estados Unidos da América são outro mercado “muito interessante”, estando ainda a China a “emergir”, de há dois anos a esta parte.
“Terminámos em 2021 as obras de ampliação da fábrica, triplicando o espaço para 7.000 metros de área coberta, num investimento de 4,5 milhões de euros”, disse ainda Bruno Correia.
Especialista em malhas circulares, a Etfor tem hoje capacidade para produzir 500 mil peças por mês.
Em 2004, a empresa criou a marca de moda para bebés e crianças “Play Up”, com “um forte compromisso com a natureza”, tendo hoje dado a conhecer a nova coleção, assente na economia circular e que usa um novo fio (‘close the loop’), criado a partir do resíduo e 100% reciclado e reciclável.
Até 2025, as ambições da “Play Up” passam por ter 20% das matérias-primas provenientes de fios ‘close the loop’; 5% da receita ser proveniente de modelos de gestão circulares e 50% de rastreabilidade da cadeia de valor.
A Etfor foi fundada pela “mãe Lúcia”, que atualmente, aos 72 anos, continua no ativo, incidindo a sua ação sobretudo “na parte criativa” das peças, enquanto a parte da gestão está entregue aos seus quatro filhos.
Lúcia Lages confessou que, quando há 35 anos decidiu pôr a funcionar uma “pequena fábrica”, com cerca de uma dezena de operárias, estava longe de imaginar que a empresa iria atingir a atual dimensão.
Como contou, descobriu a sua “grande paixão” pela arte de costurar ainda na adolescência, tendo começado por trabalhar para algumas fábricas da região, até se abalançar na construção de um pavilhão, graças a um empréstimo de 500 contos [2.500 euros] concedido por um familiar.
Pelo caminho, teve de ultrapassar alguns percalços, entre os quais um “calote” de 2,5 milhões de euros de um cliente suíço que “abanou” a empresa e fez temer pelo futuro.
“Mas hoje aqui estamos. Temos património, não devemos nada a ninguém, temos clientes em vários países, fizemos um investimento muito grande nas instalações e os nossos olhos estão sempre postos no futuro”, rematou “mãe Lúcia”.