A Lipaco, uma empresa têxtil com sede em Esposende, encontra-se entre as afetadas pelas dificuldades enfrentadas no transporte marítimo de contentores no Mar Vermelho.
A situação tem gerado preocupações crescentes. Há a previsão de uma redução significativa na capacidade do setor entre o Extremo Oriente e a Europa no segundo trimestre.
Estas perturbações estão a provocar um desvio do tráfego do Canal de Suez, o que pode resultar numa redução entre 15% a 20% na capacidade da indústria de contentores entre a Ásia e o Norte da Europa e o Mediterrâneo durante este período. Além disso, espera-se um aumento considerável no custo do combustível, na ordem dos 40%.
Jorge Pereira, CEO da Lipaco, confirmou os impactos que a empresa de Esposende tem enfrentado devido ao conflito na chegada de matérias-primas da Ásia, devido ao desvio de navios por rotas mais longas.
“Estamos a ser obrigados a recorrer a outras fontes de matéria-prima mais próximas para compensar os atrasos e a repensar as nossas estratégias de aquisição”, afirmou o administrador da empresa têxtil Lipaco.
Há claros desafios decorrentes da escalada do conflito no Médio Oriente e do recurso a rotas marítimas alternativas. Várias empresas estão a rever, ou foram obrigadas, o sistema logístico. O tempo de transporte de contentores da Ásia aumentou de 45 para 60 dias.
De acordo com os agentes do transporte marítimo, o conflito entre Israel e o Hamas, seguido dos ataques a navios no Canal de Suez pelo grupo huthi, levou as grandes companhias marítimas a desviar a sua rota normal pelo Mar Vermelho para o sul de África, através do Cabo da Boa Esperança, resultando em aumentos significativos no frete e no tempo de trânsito.
Na semana passada, o grupo dinamarquês Maersk, considerado um barómetro do comércio mundial, indicou que as perturbações no transporte marítimo devem persistir pelo menos até ao final deste ano.