Médicos e enfermeiros vão cumprir dois dias de greve esta semana, com início na terça-feira, para reivindicar melhores condições de trabalho e salariais, bem como um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A paralisação, que decorrerá na terça e quarta-feira, é organizada separadamente pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), mas ambas as classes coincidem nas suas reivindicações.
Os protestos incluem uma manifestação dos médicos no primeiro dia e uma concentração dos enfermeiros no segundo, ambas agendadas para ocorrer em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
Os presidentes das duas organizações sindicais, Joana Bordalo e Sá (FNAM) e José Carlos Martins (SEP), afirmam que a escolha das mesmas datas foi coincidência, mas reveladora do descontentamento generalizado na área da saúde.
Joana Bordalo e Sá destacou que a greve reflete a insatisfação crescente com a gestão da ministra da Saúde, Ana Paula Martins, e a falta de soluções para atrair e reter médicos no SNS.
“Não temos uma negociação séria em curso, e os médicos estão a ser empurrados para fora do setor público devido às condições precárias”, afirmou a dirigente da FNAM.
Por seu lado, José Carlos Martins sublinhou que a greve dos enfermeiros visa a “justa valorização” das carreiras de enfermagem, incluindo a correção de situações de injustiça nas progressões e a contratação de mais profissionais para responder às necessidades do SNS.
Além disso, o SEP exige a negociação de mecanismos que compensem o risco e a penosidade da profissão, nomeadamente através de reformas antecipadas.
Ambos os líderes sindicais apontam para a possibilidade de futuras greves conjuntas, envolvendo outros profissionais de saúde, como farmacêuticos, psicólogos e técnicos superiores de saúde, numa ação unificada para exigir melhores condições no SNS.
“A união de todos os profissionais pode ser necessária se o Governo continuar a ignorar as nossas exigências”, disse José Carlos Martins.
Para a FNAM, questões como a redução da carga horária para 35 horas semanais, a revisão das grelhas salariais e a criação de um regime de dedicação exclusiva são prioritárias. Joana Bordalo e Sá acrescentou ainda que os médicos portugueses são dos mais mal pagos da Europa, o que tem levado muitos a abandonar o setor público ou a emigrar.
O descontentamento com o estado atual do SNS é evidente, e os sindicatos não descartam a possibilidade de endurecer a luta caso as negociações com o Governo não avancem.