As eleições legislativas de 2025 marcaram um ponto de viragem na política portuguesa. Pela primeira vez desde a fundação do regime democrático, a direita, em todas as suas expressões, conquistou a maioria para conseguir aprovar revisões constitucionais.
A Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, venceu com margem confortável. O Chega consolidou-se como segunda força política. O Partido Socialista foi remetido para o merecido terceiro lugar. E a Iniciativa Liberal reforçou a sua presença, afirmando-se como uma peça indispensável para o novo xadrez governativo.
Luís Montenegro surge agora como um vencedor que soube preservar uma linguagem institucional e um sentido de responsabilidade. Sem nunca ceder ao populismo, resistiu à tendência atual da política portuguesa de construir um discurso de “guerra civil” cultural — optando antes por um tom sóbrio, sereno, institucional. A sua vitória é uma vitória pessoal e estrutural: provou que ainda é possível vencer sem gritar, provou que o povo está com a AD. E que a direita, quando fala ao país com seriedade e profundidade, é capaz de entusiasmar o eleitorado sem recorrer a slogans vazios.
A AD conseguiu unir setores dispersos da direita — dos centristas sociais aos liberais, passando por conservadores — em torno de uma ideia clara: devolver ao Estado a sua função essencial de Governar para Portugal e para os portugueses. O eleitorado respondeu com clareza. A vitória da AD é uma afirmação positiva de um novo centro- direita que quer governar, reformar e durar.
O Chega, com todos os seus excessos e ambiguidades, é hoje um facto político inegável. André Ventura captou franjas sociais inteiras. É fácil criticar o estilo, mas mais difícil é ignorar o diagnóstico. O Chega revelou o que muitos não quiseram ver: há um país que não se revê nem no progressismo, nem no tecnocratismo europeu. A AD terá de dialogar com esse país sem medo — e sem copiar o estilo do Chega, mas ouvindo os seus alertas com honestidade e pragmatismo.
O Partido Socialista entrou em colapso. A sua linguagem tornou-se irreconhecível para o país real. Entre o jargão woke, a obsessão por minorias identitárias e a rendição à Bruxelas, o PS esqueceu que a democracia se faz com pessoas — e não com conceitos. A derrota foi merecida. Não porque os seus eleitores sejam menos progressistas, mas porque são mais práticos. Além disso, quem no seu perfeito juízo iria votar em qualquer cara representativa dos últimos Governos de António Costa, marcados por incompetência gritante e corrupção?
A bolha é real — não metafórica, não uma figura de linguagem, mas tangível, quase palpável. Nas conferências internacionais, nos painéis em Bruxelas e Davos, os dirigentes do Partido Socialista tornaram-se repetidores das ideias criadas longe de Portugal, em centros de pensamento alinhados, sobretudo, ao Partido Democrata norte-americano. A Progressive Alliance, essa entidade transnacional de aparência inofensiva, funciona como uma orquestra sinfónica de agendas supranacionais, muitas vezes dissonantes da realidade concreta de um país que tenta, todos os dias, resistir à erosão da sua soberania cultural e económica.
Ora, esse divórcio entre elites e povo também contaminou a imprensa — ou pelo menos aquele jornalismo palaciano que deixou de reportar para comentar, que confunde pedagogia com proselitismo. Em vez de investigar, prega. Em vez de ouvir, julga. O eleitorado, insatisfeito com esta pedagogia de condescendência moral, usou o voto como um grito — sóbrio, mas contundente.
Durante anos, muitos órgãos de imprensa assumiram o papel de curadores ideológicos, filtrando o debate público e tratando com condescendência — ou desprezo — todas as vozes à direita do PS.
O crescimento do Chega, da IL e até a resiliência de pequenos partidos como o ADN aconteceram apesar da imprensa, não graças a ela. A vitória da AD é também uma rejeição dessa arrogância editorial woke. O eleitorado aprendeu a pensar por si e deixou de aceitar a cartilha de comentadores profissionais que confundem opinião com doutrina.
A IL é hoje essencial para garantir o equilíbrio da governação e impedir que o debate se resuma a dicotomias fáceis. No entanto, o partido tem de decidir se quer ser um ator relevante ou um boutique ideológico lgbt e woke. A sua tentação internacionalista e a proximidade a causas progressistas importadas podem enfraquecer o continuo crescimento neste novo ciclo, não é por acaso que não tocaram muito nestes temas durante a campanha eleitoral.
Por fim, uma palavra para o ADN – Alternativa Democrática Nacional, partido liderado por Bruno Fialho. Apesar de não ter alcançado a representação parlamentar, mostrou que o seu voto não provém de engano no boletim. O seu percurso foi marcado por esforço. Lutou contra o silêncio mediático, enfrentou a fragmentação da direita anti- sistema e manteve a sua linha política. Uma parte do seu eleitorado foi absorvido por dissidências e plataformas paralelas, e a concentração de votos no Chega, que não permitiram a eleição de Joana Amaral Dias. O ADN poderá enfrentar a sua última prova de vida nas próximas eleições autárquicas 2025.
Portugal vira, finalmente, à direita — não como protesto, mas como projeto. A direita é o caminho: porque fala a linguagem da realidade, porque valoriza a liberdade com responsabilidade, porque respeita a identidade sem vergonha. Luís Montenegro tem agora a oportunidade de liderar esse caminho com coragem, sem medo de reformar e sem receio de afirmar uma nova visão para um Portugal mais rico e de oportunidade — Em defesa da propriedade privada, da liberdade de expressão, do mérito e do Estado menos intrusivo e refém da máquina socialista, mais eficiente na saúde, na justiça e na educação.