O autorretrato, em particular as selfies, ganhou destaque em locais turísticos, moldando a forma como as pessoas experienciam e compartilham suas viagens.
Especialistas da Universidade do Minho, incluindo os professores Eunice Ribeiro, João Sarmento e Beatriz Casais, analisam o fenómeno.
O professor Sarmento destaca a migração do sentido na prática da viagem, passando da audição para a visão desde o século XVIII, com as imagens visuais moldando a antecipação e a memória das viagens.
Além disso, a sociedade digital trouxe mudanças significativas, com o turista assumindo o papel central na imagem, priorizando paisagens e lugares “instagramáveis”.
A competição entre destinos turísticos impulsiona a criação de estruturas e espaços específicos para selfies, como molduras gigantes e baloiços panorâmicos.
João Sarmento ressalta que, embora alguns destinos proíbam a captação de imagens em determinados locais, a proibição pode gerar interesse turístico.
Beatriz Casais, especialista em Marketing e Estratégia, destaca o uso das redes sociais como ferramenta crucial para promover destinos, com estratégias que visam posicionar lugares através de imagens atrativas.
A presença de celebridades e influencers em selfies também se tornou uma estratégia eficaz na promoção de destinos, gerando retorno financeiro.
A professora Eunice Ribeiro, especialista em retrato, analisa historicamente a evolução da autorrepresentação, destacando que as selfies, compartilhadas online, exibem imagens fragmentárias que respondem à ansiedade de exposição característica do mundo digital contemporâneo.
A investigadora argumenta que as selfies, pela sua facilidade técnica, promovem a democratização da produção e circulação da imagem própria, rompendo com tradições elitistas do autorretrato.
Em suma, a ascensão das selfies redefine a forma como as pessoas se relacionam com os destinos turísticos, influenciando escolhas e transformando espaços em cenários desejados para a captura da imagem perfeita.