O emblemático Bar do Fôjo, um marco na paisagem de Fão, em Esposende, encontra-se agora demolido.
Desde sua fundação em 1974, o bar foi um espaço de convívio e cultura, mas a demolição foi hoje concretizada “após o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga ter revertido uma suspensão anterior”, refere fonte da autarquia.
Apesar do processo não ser promovido pela Câmara de Esposende, pois o local é do domínio público hídrico (DPH), sendo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a avançar com a ordem de demolição, acabou por ser a autarquia presidida por Guilherme Emílio a ficar com a “obra de demolição”.
Aliás, a autarquia, quer a equipa do ex-autarca Benjamim Pereira, quer a atual, tentou arranjar uma solução com a família, reconhecendo a figura do “Sérgio do Fôjo“, proprietário entretanto falecido (2019), com importante legado popular.
No entanto a família nunca aceitou a demolição e queria manter o espaço, pelo menos o edifício central e original.
O caso andou nos tribunais. E entre providências cautelares, com avanços e recuos, oTAF de Braga reverteu a suspensão.
Entretanto o advogado da família, Joel Duarte, avançou para com processo de contestação no Tribunal Central Administrativo do Norte (Porto), que deu cinco dias à Câmara de Esposende e APA para responder.
Ora a Câmara terá entendido que tinha condições para continuar com os trabalhos, isto depois da Polícia Marítima ter estado no local.
“Deviam aguardar pelas decisões finais dos tribunais, mas entendem não o fazer. Não sabemos qual vai ser a decisão. Se nos for favorável, os responsáveis públicos preferem se calhar vir a pagar uma indemnização”, atira o advogado, que não esconde que vai até às últimas consequências.
“Vamos para a últimas instâncias da justiça portuguesas e para os tribunais europeus, incluindo dos direitos do Homem”, disse.
A demolição e a limpeza do local é custeada pelo município, num protocolo com valor de 50 mil euros, cuja quantia será posteriormente ressarcida pela APA.
O município não detinha jurisdição sobre o espaço, que a Câmara sempre insistiu “nunca teve qualquer licença”. O espólio do bar foi cuidadosamente fotografado e retirado do espaço, para ser devolvido à família de Sérgio do Fôjo.
O ex-autarca Benjamim Pereira, agora presidente da IHRU, afirmou que propôs, para homenagear o fundador, a publicação de uma biografia, a organização de um festival e a instalação de uma escultura ou mural no local, todas as quais foram, no entanto, rejeitadas pela família.
Este processo não é algo novo, a intenção da APA de demolir o bar já tinha sido conhecida em 2015, desencadeando uma onda de contestação popular, face ao valor afetivo que o local tinha para muitos.
O tema permaneceu em suspenso até que, em setembro de 2024, os trabalhos de limpeza e demolição começaram, culminando agora na completa demolição, apesar da resistência da família.






