A semana passada consagramos no nosso país o campeão nacional de futebol.
Também a semana passada reuniram as principais federações desportivas com o Governo e daí nada de significativo resultou. Ou seja, ainda nada se sabe sobre a retoma da atividade das modalidades com mais praticantes a nível nacional.
As direções dos agrupamentos de escolas receberam algumas orientações sobre a preparação do próximo ano letivo e sobre a implementação das aulas de educação física quase nada é referido nos documentos. Sobre o desporto escolar também ainda nada se sabe.
Enquanto isso as farmácias esgotam os medicamentos de combate à depressão e à ansiedade, cada vez mais usados nas crianças e jovens.
Também a obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde a grande doença do séc. XXI, pelos efeitos que provoca a médio e longo prazo.
Desde março que as nossas crianças e jovens estão impossibilitadas de praticar desporto em grupo e à exceção do futebol da 1ª liga, não há ainda perspetiva de quando e como vai ter início a próxima época desportiva das modalidades coletivas.
Ora isto revela o nível de educação e cultura desportiva do nosso país!
Poucas foram as federações, as associações, as autarquias e as empresas de organização de eventos que olharam para o desporto e para a atividade física com olhos de ver, ou seja, privilegiando a saúde e o bem-estar das comunidades.
Desde 29 de Maio, através da orientação 30/2020, que a DGS abriu a possibilidade da prática desportiva com naturais e responsáveis restrições. Mas poucos foram aqueles que olharam para estas orientações e as implementaram, promovendo e incentivando a prática desportiva orientada e controlada junto das nossas crianças, jovens e adultos.
Tudo o que não sejam organizações de milhares de pessoas não interessa! Não dá visibilidade a quem promove nem dinheiro às organizações.
O COVID serve de desculpa para muita coisa, principalmente para quem nada quer fazer…
Se não há condições para que as competições federadas comecem, e na minha opinião ainda não há, então que se promova a atividade em regime de lazer, se possível ao ar livre e cumprindo as orientações gerais que a DGS defende.
A 20 de julho morreram 2 pessoas com COVID e tivemos mais 135 casos em Portugal. Estes foram os valores mais baixos desde 11 de maio.
É urgente recomeçar a prática desportiva orientada, controlada e segura, sob pena de perdermos definitivamente a “guerra” que travamos diariamente contra a televisão, os tablets, os computadores, os telemóveis e os IPhones.
E já não falo na subsistência dos clubes e associações desportivas que durante muitos anos substituíram o estado e as autarquias na dinamização e fomento da prática desportiva e correm agora o risco de encerrar portas por falta de praticantes. Esses vão precisar de apoio e financiamento.
Falo apenas na necessidade de manter os milhares de crianças e jovens “ligados” às modalidades desportivas que praticam ao nível federado, pois se o período de inatividade continua por muito mais tempo, corremos o risco de os perder definitivamente para o “Fortnite” e outros jogos digitais ou simplesmente para o “rabo no sofá” e quando isso acontecer, pode ser tarde demais…
Também no nosso “cantinho” pouco ou nada foi feito. A autarquia limitou-se a organizar uma ação de informação sobre a retoma da atividade, mais de 1 mês e meio depois da orientação da DGS. Ou a prometer entregar um dispensador e 2 frascos de álcool gel e algumas máscaras pelos clubes. Pouco. Muito pouco…. Eu diria mesmo: nada!
Este ano não foi realizada a atividade “Desporto sai à Rua”, uma excelente oportunidade para incentivar a prática desportiva em segurança e ao ar livre; para implementar junto dos clubes e associações as medidas e os procedimentos necessários à prática em segurança; para criar a necessária confiança nas crianças e pais para o regresso, para de forma pedagógica incutir na população a necessidade de retoma.
Uma oportunidade perdida, tal como tantas outras, para mostrar que o desporto faz parte da sociedade e tem responsabilidades acrescidas na implementação de medidas de proteção, pelas características e fatores motivacionais intrínsecos à sua prática.